sábado, 26 de dezembro de 2015

dos e-mails que nunca serão enviados;

Hm, oi. To escrevendo esse e-mail pra ti e espero que quando você o ler, eu já esteja bem longe. Eu só estava precisando de alguém que me lesse, que me ouvisse, e você foi a primeira pessoa a surgir na minha mente. Afinal, você nunca se importou muito quando eu caí nos clichês. Você sabe que eu sou bem dessas cheias do clichê, dos amores de filmes de comédia romântica e tragédias que só acontecem em contos de fadas. Mas você foi a única que sempre aceitou e nunca, nunquinha se incomodou nem reclamou disso.
É, você foi uma bom amiga. Às vezes me pego pensando se foi realmente sua culpa, digo, da nossa amizade não ter funcionado. Não sei se sou orgulhosa demais pra admitir que, talvez, a culpa tenha sido minha.
Não, não foi minha a culpa. Algo na nossa amizade não funcionava e eu não vou me permitir esquecer o que foi, o que me causou tanta dor. E é por isso que eu nunca vou te perdoar.
Na verdade, escrevo esse e-mail já sabendo que não irei enviá-lo, mesmo sendo tão fácil o dedo escorregar e eu clicar nesse simples e atrativo ícone. Mas não acontecerá. Eu poderia, da mesma forma, escrever uma carta. Ou um sms. Ou até postar no twitter, em 144 caracteres, tentando e vacilando em resumir o que eu penso. Eu nunca postaria, enviaria, mandaria, enfim; você não é digna de ler minhas palavras. Não mais. Não sei se um dia já foi.
Enfim, isso já está se tornando um tanto pessoal, sendo que o que eu vim buscar foi apenas um pouco de luz pra minha mente, a tal paz de espírito. Talvez me livrar do peso na consciência, quer dizer, eu te deixei na merda, não deixei? Acho que se tu enlouqueceu mais do que já tava, teve uma leve contribuição minha.
Mas eu não poderia me permitir continuar sofrendo num relacionamento abusivo assim. Um relacionamento de amigas, sim, um relacionamento onde você sugava minha energia, você queria me possuir e me ter só pra ti, onde você fez eu me afastar de muitas pessoas e limitou o meu mundo a ti, assim como o seu mundo estava limitado a mim. Por que tanta obsessão? A gente teria dado tão certo, sabe. Eu lembro de rir contigo. E de me sentir bem e amada. Até eu cair em mim e perceber que eu estava sozinha e só você estava lá. Eu procurava outras pessoas e... Só tinha você. Porque você fez as outras pessoas se afastarem.
E eu deixei.
Com a inocência que eu tinha, quem não deixaria? Eu nunca tinha passado por uma situação assim, caralho. Agora eu aprendi. Eu reconheço características abusivas porque eu já vivi isso. Graças a você. Eu deveria dizer obrigada?
Ok. Então escrevo esse e-mail pra te agradecer. Graças a ti - e espero que depois dessas palavras, você ignore minha existência - eu não confio nas pessoas. Graças a ti eu tenho uma insegurança tremenda e falta-me simpatia na hora de conversar com as pessoas. Eu já estava tão acostumada a conversar só contigo, sabe? E agora eu sequer sei como manter um diálogo interessante. Graças a ti, se alguém me elogia, eu não acredito. Porque eu me olho no espelho e vejo um reflexo de uma menina que esteve por meses presa à uma pessoa só.
Muito obrigada.
Ao mesmo tempo, continuo procurando refúgio em ti... E isso é uma merda.
Nego-me a sentir sua falta. E procuro lembrar apenas o quão mal você me fez.
Espero que alguns pontos tenham sido esclarecidos.



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