quinta-feira, 11 de junho de 2020

verbalizar

— Eu tenho dificuldade em verbalizar meus sentimentos. 
Ela me diz enquanto deitada nos meus braços, repentinamente. Sua pele tem um leve cheiro de hortelã, provavelmente por conta do chá que havíamos tomado. Eu gosto da sensação da sua pele macia e nua contra a minha. Viro o seu rosto na minha direção e sorrio com leveza.
 — Tente. — incentivo-a delicadamente, meu corpo sendo tomado por uma ansiedade mesclada a (alegria) pelo fato dela finalmente estar se abrindo pra mim. Ela movimenta os lábios como se fosse falar algo e os fecha novamente, levando-os então pra um sorriso e um olhar de culpa com „desculpa“. Eu continuo a sorrir também. — Tudo bem. — eu sussurro e deposito um beijo na sua testa. — Tome o seu tempo.



Subitamente sinto uma vontade de falar pra ele o quão estar com ele me faz bem e no quão grata eu estou por tê-lo conhecido e ter a oportunidade de poder passarmos esse tempo juntos. O meu coração e corpo esquentam. Estou deitada nos seus braços e a sua mão passeia pelo meu corpo, acariciando-o. Eu não consigo tirar o sorriso do rosto, mas também não consigo parar de pensar em como gostaria de conseguir expressar tudo o que gosto nele em forma de palavras. E, mesmo assim, a cada vez que tento fazer com que uma frase com sentido saía dos meus lábios, um nervoso e desconfiança tomam contam de mim e impedem que eu o faça. Depois de um tempo de batalha contra mim mesma, digo:
— Eu tenho dificuldade em verbalizar meus sentimentos.
Eu sei que é injusto, mas espero que com essa frase ele consiga entender tudo o que está por trás disso: que por conta disso, não consigo verbalizar como gosto dele. „Tente“ ouço e então, estou a encarar seus olhos carregados de gentileza e carinho, o que faz eu me encantar mais e mais. 

Eu me esforço, mas a ansiedade e nervoso estão tão presentes em mim que parecem deixar a minha cabeça vazia. Evito encarar seus olhos que agora transmitem uma expectativa muito grande. Um nó se forma na minha garganta, os meus lábios parecem estar prontos pra deixar tudo sair, mas algo dentro de mim, provavelmente o medo de ser magoada e me sentir vulnerável, não permite. Tento expressar tudo com o minha expressao facial: Desculpa, não desiste de mim, eu ainda preciso de tempo. E ele, maduro, como se já estivesse passado por algo semelhante, continua sorridente. Derreto-me inteira ao sentir os seus lábios na minha testa. — Tudo bem. — ele diz. — Tome o seu tempo. — como quem conseguisse ler o meu pensamento, como quem conseguisse ME ler perfeitamente. Poucas vezes me senti tão confortável com alguém. Sentimento de casa, proteção. Estou apaixonada. Eu enterro minha cabeça no seu pescoço, que tanto gosto, procuro a sua mão, entrelaço nossos dedos e fico ali, só aproveitando esse momento único, sentindo o calor da sua pele, a sua respiração, seus batimentos cardíacos. Quero gravar cada detalhe disso porque não quero esquecer como estou me sentindo. Se eu achasse um gênio da lâmpada agora, eu desejaria que estar com ele fosse eterno.

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