terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

D(eu)s



Enquanto ajoelho-me a teus pés, Senhor, nesse domingo nublado, fecho os olhos, mentalizo a minha vida, esboço um sorriso nos lábios. Está tudo andando como o esperado. Muitas coisas boas aconteceram, por isso, antes de qualquer coisa, lembro-me de mostrar a gratidão por todas as situações que estão dando certo no momento. Em seguida, começo a listar os meus desejos. Peço-lhe, ó Todo Poderoso, pra que não deixe a comida diária faltar na minha mesa, que me dê forças pra enfrentar o que estiver por vir, que não deixe a infelicidade me acolher em seus braços. Suplico-lhe por uma semana harm ônica, por um pouco mais de simpatia (tanto da minha parte quanto dos outros), deixo que meus olhos marejem enquanto penso nos que se foram e peço perdão pelos momentos de culpa nos quais sei ter agido errado.
Sobretudo, Senhor, peço-lhe paciência, saúde e alegria, que no momento são essenciais pra mim. Que eu consiga conduzir os eventos da minha vida, que eu vença a timidez de pouco a pouco e que nunca me falte amor. Porque do amor vem a força, da força vem as batalhas, das batalhas vêm as conquistas. 

Mas, Deus, Senhor, Ser Divino, se paro para refletir sobre os meus desejos, não estaria eu, na verdade, suplicando algo a uma figura diretamente relacionada a mim? Se quando peço mais simpatia ao meu próprio ser, não estaria eu dialogando comigo mesma, mantendo uma conversa com uma parte pura de mim? Se digo que gostaria de mais paciência e alegria na minha vida, estaria eu, na verdade, pedindo para que eu própria mude e, consequentemente, conversando comigo mesma? Se suplico-lhe por perdão, não estaria eu fazendo isso pra, na verdade, livrar-me de toda a culpa que atormenta a minha própria mente? Não estaria eu procurando a MINHA paz interior e, portanto, dialogando com o meu próprio ser?

E se paro pra pensar sobre tudo isso, por que não haveria eu de pensar que, na verdade, a tua existência nada mais é do que um personagem de nós mesmos? Quero dizer, cada um acredita no seu próprio Deus, isso é verdade; e se creio que Deus seja amor, e se peço-lhe coisas que sei que eu só conseguirei se eu própria por aquilo lutar, e se também sei que eu própria - assim como todos os seres humanos - carrego amor dentro de mim (ainda que muitas vezes adormecido), nesse raciocínio, não seria EU mesma Deus?

Quando converso contigo, estou falando, na verdade, com o ser humano adormecido dentro de mim, ou seja, converso com o Deus que eu sou, o meu Deus que eu acredito e que hei sempre de rezar por. Afinal, quando faço isso, mantenho os pensamentos claros, em ordem, e essa é a raiz dos meus diálogos com o Senhor.
Deus é a figura criada sobre a melhor parte de nós mesmos.
Eu sou Deus. Todos somos Deus(es). 
Só temos que descobri-lo em nosso interior.


(reflexões que tive ao ir pra igreja no dia primeiro de fevereiro de 2015.)


2 comentários:

  1. Adorei o raciocínio mas se Deus é a figura criada sobre a melhor parte de nós mesmos, então os ateus.. o-o

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    1. ih mano loco, eu respeito todas as ideias/religiões/crenças. esse foi um pensamento q me ocorreu, mas q n vá necessariamente se aplicar a todo mundo.
      n gosto de ter q explicar o q eu escrevo, mas o ateu nao reza p ngm, certo? entao ta ok, o amor dele continua la, eles nao tem a necessidade de criar uma FIGURA pra pedir algo que, na verdade, vc só vai conseguir ss batalhar. o meu raciocinio se aplica a teístas

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